segunda-feira, 15 de abril de 2019

DIVAGAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS

Algumas idéias apresentadas na primeira parte do livro de
Roberto Lobato Corrêa “Região e organização espacial”.

O PENSAMENTO CIENTÍFICO DO SÉCULO XIX
A gênese da geografia moderna necessitou de uma série de condições históricas para poder objetivar-se, e as condições para esta “gestação” foram geradas no longo processo de transição do feudalismo para o capitalismo. O pressuposto mais fundamental da geografia moderna era o conhecimento efetivo de todo o planeta, isto é, que o “mundo conhecido” atingisse a total extensão do planeta. Idéias de cunho positivistas despertaram a preocupação com o controle sobre os recursos naturais, dos países comprometidos com o colonialismo, e levou sociedades geográficas a patrocinarem expedições a procura de novos recursos susceptíveis a exploração. Surgem grandes cientistas tal como Charles Darwin que sua obra origem das espécies fez com que o Racionalismo substituísse o Finalismo, e, influenciou Haeckel a estudar e a definir a ecologia, levando o Evolucionismo ao Organicismo e a crença no progresso contínuo dos homens (positivismo, anarquismo). Com isso fez-se surgir a idéia de que a seleção natural de Darwin justificasse a dominação dos estados mais fortes sobre os mais fracos. O capitalismo leva os países a uma grande desigualdade social, surgindo então pensamentos utópicos tentando definir uma sociedade mais justa porém sem mostrar como atingi-la. Surgem então Marx e Engels que explicam a dinâmica social de forma totalizadora e introduzem, entre outras coisas, que a natureza não se refaz de forma igual após ser explorada, apresentando novas características em relação à primitiva. Suas idéias são contestáveis porém já que eram homens de ação política e comprometidos com as estruturas econômicas e de poder de seu país.

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Organizada e estruturada em função das obras de Alexandre von Humboldt (vertente física) e de Carl Ritter (vertente humana), desabrochando na Alemanha e na França, pouco a pouco a Geografia foi-se difundindo para os demais países. As contribuições e as idéias apresentadas pelos geógrafos alemães e franceses tiveram grande influência no desenvolvimento dessa ciência na primeira metade do Século XX. Se na França os trabalhos básicos foram apresentados por Paul Vidal de Lablache, na Alemanha os trabalhos mais significativos são os de Alfred Hettner; que considerava como objetivo fundamental da Geografia o estudo da diferenciação regional da superfície terrestre. Esta definição foi acatada e elaborada de modo minucioso por Hartshorne, em 1939, em sua obra The Nature of Geography. Outra definição referia-se à análise das influências e interações entre o homem e o meio, que se expressou de modo claro na proposição de Albert Demangeon, em 1942: "é o estudo dos grupos humanos nas suas relações com o meio geográfico". Muito mencionada também é a definição elaborada por Emmanuel de Martonne, em sua obra Traité de Géographie Physique, cuja primeira edição surgiu em 1909 e a última em 1951. De Martonne ponderou que a "geografia moderna encara a distribuição à superfície do globo dos fenômenos físicos, biológicos e humanos, as causas dessa distribuição e as relações locais desses fenômenos". Embora houvesse consenso de que a superfície terrestre era o domínio específico do trabalho geográfico, essas definições e a prática da pesquisa geográfica conservavam contradições entre diferentes escolas geográficas. 


AS CORRENTES DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO
Entre as correntes ou paradigmas mais evidentes do pensamento geográfico temos: o determinismo ambiental, o possibilismo, o método regional, a nova geografia e a geografia crítica, de onde se adota uma combinação de duas ou três das abordagens acima referidas para fundamentação de diferentes métodos de apreensão da realidade. Paralelo a tudo isso a geografia busca suas próprias raízes o entendimento da diferenciação de lugares, regiões países e continentes. Os conceitos de região e organização espacial estão vinculados ao conceito básico da geografia.

O DETERMINISMO AMBIENTAL
Fundamento a tese do determinismo ambiental - onde se estabelece que o meio exerce forte influência na determinação da evolução das características genéticas do homem - Lamark e Darwin desenvolveram suas teorias evolucionistas que influenciaram as ciências sociais da época. Ratzel foi um dos grandes pregadores do determinismo impulsionado pela necessidade da Alemanha justificar guerras de conquistas no século XIX. O termo região natural foi muito citado durante o determinismo e não se trata de divisões meramente climáticas ou políticas, mas sim de algo muito mais abrangente envolvendo fronteiras de ecossistemas, bacias hidrográficas e outros elementos integrados e inter relacionados. Na região, portando seria o melhor lugar para se estudar a relação homem natureza, formando uma concepção ambientalista. Aqui, em uma das instâncias, Hebertson, vê o clima como fator determinante sobre o Homem para justificar, ainda, formação de colônias, através de estudo de história da mesma raça em diferentes regiões climáticas.Esta conotação é mais branda que o determinismo puro e apenas busca justificativas tentando citar exemplos como os povos das florestas equatoriais, esquimós na Sibéria e tribos de índios diversas. Como outros exemplos de região natural, podemos citar no Brasil: norte, nordeste, leste, sul e centro-oeste; divididas ainda em zonas fisiográficas, caracterizadas por elementos de ordem humana e locais. 

O POSSIBILISMO
Surge na França em oposição ao determinismo alemão no início do séc. XX tendo como alguns de seu papel demarcar o expansionismo germânico, abolir qualquer forma de determinação da natureza sobre o homem e, também, enfatizar a fixidez das obras do homem. Temos em Vital de La Blache o principal articulador do possibilismo, aqui, a natureza foi colocada como fornecedora de possibilidades para que o homem a modificasse transformando o homem no principal agente geográfico e deixa claro que a região é o real objeto de estudo, enaltecendo também os conceito de paisagem. Aqui o objeto de estudo é claramente a região humana e não as regiões naturais, e qualquer região, uma vez delimitada pelo homem, seja qual o for o critério, é considerada como sendo região geográfica. O possibilismo acredita que o homem cria uma paisagem cultural e um gênero de vida, sendo portando região e paisagem conceitos equivalentes. As regiões podem ser determinadas até mesmo por paralelos imaginários, supondo portanto uma evolução dentro de um estágio de equilíbrio(espaço redefinível ), ao contrário do que propunha Vidal de La Blache.

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quinta-feira, 11 de abril de 2019

O ESPAÇO GEOGRÁFICO


     
O espaço é o objeto de estudo da geografia e pode ser estudado sob diferentes perspectivas, como por exemplo, REGIÃO, TERRITÓRIO, PAISAGEM, LUGAR, BACIA HIDROGRÁFICA, PAÍS, e cada um desses conceitos recebem formas diferentes de abordagem e de análise, conforme suas peculiaridades, dimensões, formas físicas, formas de ocupação, exploração, e possuem também regras de uso e legislação que devem ser observadas e respeitadas. Neste contexto, cada dimensão do espaço representa um entendimento específico deste, e é válido apenas em um limitado campo discursivo. Isto se aplica tanto no caso das interpretações de determinados grupos sociais, dos quais cada um se exprime em atividades específicas, formas culturais diferentes e linguagens diferenciadas, como para abordagens e interpretações entre a geografia física e humana. 
          A Geografia procura então demonstrar o espaço sobre a ótica de todas as suas vertentes de forma integrada e multidisciplinar. Assim, tomamos que o olhar através de uma determinada abordagem constrói um filtro que ressalta o que essa abordagem propõe, e no caso da paisagem, seja NATURAL ou CULTURAL exige uma filtragem mais ampla que foge até mesmo das questões geográficas mais clássicas necessitando interpretações científica, cultural, filosófica, política, entre outras, mostrando um caráter multidisciplinar no seu estudo. 
          Em muitos casos, o espaço geográfico deve ser encarado não apenas como um objeto de estudo, refletido e interpretado intelectualmente, mas como uma forma de vivência na sua plena positividade do cotidiano das pessoas, neste sentido, quem sabe perceber o espaço geográfico, consegue entender seu valor, perceber a importância do mesmo em sua vida, criar vínculo afetivo com o mesmo e, conseqüentemente, defender a sua perpetuação. Para que isso acorra, o indivíduo necessita estar de bem com vida, possuir uma educação que lhe permita meditar sobre sua existência e seu entorno, e precisa de uma atitude cultural e psicológica equilibrada numa sociedade de justiça social, ou a percepção do espaço se restringirá a um ambiente de exploração.
             Discutir essa pluralidade conceitual e cognitiva do espaço geográfico é sem dúvida um grande desafio. Para a esfera da Geografia física já se percebe uma grande mudança ao se focar a problemática do espaço natural levando em conta o homem, enquanto para a geografia humana as paisagens há muito tempo já são cheias de valores, relacionadas às culturas e aberto à múltiplas percepções.  

A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA



POR QUE ESTUDAR GEOGRAFIA?

         Estudar geografia é fundamental para se compreender a dinâmica das paisagens, os lugares, as características regionais, o desenvolvimento urbano, a vida no campo e a sua relação com a cidade. É com ela que iniciamos nosso processo de alfabetização cartográfica  através da leitura de mapas gráficos e tabelas com as mais diversas temáticas como a cultural, política, ambiental e outras associadas à sua distribuição espacial, nos tornamos mais críticos e aumentamos nosso grau de cidadania ao assimilar os costumes e leis que regem sobre cada espaço. Passamos a entender as diferenças das mais diversas culturas e etnias distribuídas pelo mundo e como cada uma se instalou em cada lugar. Através da linha de pensamento de cada pesquisador ou geógrafo temos contato com diferentes abordagens que estudam como utilizar e transformar o espaço de forma sustentável, fazendo com que o homem possa viver respeitando o meio ambiente, coexistindo com outras espécies e explorando seus recursos de forma a impactar minimamente no meio em que vive e depende, criando assim, um estado de intimidade ambiental, pois é pela geografia que o homem faz o reconhecimento de si diante do que o circunda e da sua função como elemento da paisagem e ser social.
       No Brasil, o estudo da geografia é obrigatório para os alunos do ensino fundamental e médio, devendo ser oferecido por todas as escolas e em todos os níveis da educação básica. 

Raul Alfredo Schier

GEOPOLÍTICA



É a relação entre as políticas locais, regionais e internacinais adotadas pelos diversos grupos de poder que atuam em todos os níveis e os conflitos e discordâncias que elas podem gerar. Entidades locais (Governos),  regionais (OTAN, OEA, etc.) e internacionais (ONU, OMC), através de seus representantes políticos atuam na solução e mediação desses conflitos. 

Utilizar o mapa abaixo para atividade em sala de aula:



















A Tabela abaixo foi elaborada a partir de sites confiáveis da internet.
(Solicitar que o aluno atualize a mesma com dados recentes).



FORMAS DO RELEVO

O relevo é formado por processos endógenos (vulcanismos, terremotos, maremotos, epirogêneses, etc) e exógenos (ventos, intemperismo, vegetação, etc) e suas formas são estudas pela ciência conhecida como GEOMORFOLOGIA. Basicamente, estudamos nas séries iniciais as seguintes formas: PLANÍCIES, DEPRESSÕES, PLANALTOS e MONTANHAS. A partir dessas formações diversas outras se conjugam podendo formar vales, grabens, falésias, chapadas, encostas, morros, falhas, serras, dobras, horsts, fiordes, tômbolos, restingas, ilhas, penínsulas e outros, sendo que algumas delas são formas próprias com complexos processos geomorfológicos. Não existe na geografia um consenso absoluto em relação aos conceitos acima, diversos autores ensaiam suas diferentes percepções como Jurandir Ross e Naziz Ab'Sáber. Outros conceitos específicos e muitos, até sem embasamento científico, podem ser encontrados nos mais diversos volumes da legislação ambiental brasileira onde as definições são importantes para o reconhecimento, interpretação e análise do espaço geográfico. Ex, Código Florestal Brasileiro e SNUC (ver legislação ambiental a respeito). Na legislação pode-se encontrar normas como o que diz o Código Florestal Brasileiro sobre reserva legal, a que distância de um rio um agricultor pode plantar, o que é uma APP, RPPN, APA, etc.

IMAGENS SOBRE AS FORMAS DO RELEVO:

CERRADO A SAVANA BRASILEIRA









O Cerrado é o segundo maior bioma do país e corresponde à vegetação de campos que ocupa o território central do Brasil, como Goiás, Tocantins e grande parte de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Piauí. É a savana com a segunda maior biodiversidade do planeta e preserva características como clima seco, predomínio do latossolo, vegetação de campos, árvores com troncos tortos devido a presença de alumínio no solo, a maioria dos rios com pouca ou sem mata ciliar; Fauna típica com alguns animais endêmicos como o lobo guará, tamanduás bandeira, emas, etc. Ocupando 23% do território brasileiro abriga as nascentes de afluentes e tributários dos três maiores rios da América do Sul: Amazonas, Paraguai e São Francisco. Ultimamente esse bioma tem sido vítima da expansão agrícola e vem sendo ocupado por pastagens, fazendas de soja, outras culturas e até mesmo expansão urbana, pois a falta de vegetação mais densa facilita e estimula sua ocupação, assim é hoje um dos biomas mais ameaçados do Brasil.


DIVAGAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS

Algumas idéias apresentadas na primeira parte do livro de Roberto Lobato Corrêa “Região e organização espacial”. O PENSAMENTO CIENTÍFICO...