Por quê não quero ser um
fotógrafo!?
(Crônica)
(Crônica)
Nesse pouco tempo tirando fotos, por
puro Hobby, aprendi algumas coisas sobre esse mundo da fotografia. Você precisa
ter uma máquina boa, uma lente boa, usando técnicas boas. Nem tente me
convencer que só preciso ter talento e qualquer equipamento. Pra mim não
funcionou. São inúmeros termos técnicos, o plongée, flare, fotometria, superexposição,
regra dos terços, golden não sei o quê e tantos outros. E os três pilares da
fotografia? Tem que dominar, ou não vai sair foto boa. E o tal do ISO. Ahhh! Hoje
se tiver que usar um ISO maior que 800 nem aperto o botão, sai tudo granulado,
tem gente que gosta. O fotógrafo tem que dominar técnicas com o flash. Eu nem
penso em comprar um. Mas não basta. Percebi nas minhas fotos que é preciso um
tripé, ou corro o risco das fotos saírem meio tremidas, salvo aquelas que ficam
boas e selecionamos, entre dez outras que deletamos, e postamos no Instagram
para pensarem que tudo é magia quando acionamos o botão da nossa DSLR. Pra cada
tipo de foto, uma lente diferente. Se não tem paciência, use o celular, a
maioria das pessoas nem vai saber a diferença, pois os detalhes hoje são para pessoas
sensíveis e requintadas, de percepção diferenciada das coisas. Também fiquei
sabendo que essas fotos legais não saem da máquina assim, tem o tal do
tratamento e pós-edição. Pra ser fotógrafo, tem que ser artista, diretor, editor
de ensaios, produtor, empreendedor ou não vai se destacar. Outra coisa que não
é fácil é acertar a configuração e zerar o tal do fotômetro. Às vezes você tira
uma foto desfocada legal e a pessoa retratada reclama que a paisagem atrás saiu
“toda tremida”. Quase sempre uma boa foto só reconhece quem sabe tirar. E esses
caras que fazem vídeos no YouTube? Eles se odeiam, mas se respeitam. Se algum
falar mal do outro, nem me inscrevo no canal dele. Quase tudo que aprendi sobre
fotografia foi com eles. Parece que ninguém é fotógrafo, são produtores de imagens.
A um ano nem sonhava em pagar para ter acesso a aplicativo de edição. Detalhe
obrigatório para o fotógrafo. Certa vez uma moça muito bonita, que me achou num
desses grupos de fotografia, perguntou se “rolava umas fotos para um book”, se
podia pagar de outro jeito. Nossa!!, pensei muito pra não me arrepender do que
iria fazer ou falar (Ou propor!!). Enfim, aceitei o convite, combinei uma tarde
de sábado, tirei as fotos e pronto. No fim disse “amanhã te envio as fotos”, e
ela “Só isso?”, eu “sim, só isso”. Juro que fiquei muito orgulhoso de mim (Se
bem que rolou um certo sentimento de confusão aqui comigo, mas superei, Ufa!).
Achei que ela ficaria decepcionada e nem iria ver as fotos, mas no meio da
semana vi que ela mudou a foto de capa e do perfil do facebook, depois colocou quase
todo restante no Instagram. Vi uma amiga
dela perguntando “Quem tirou essas fotos?”. Ali seria o início do meu reconhecimento
como fotógrafo que nem sou. Mas ela respondeu “Fui num estúdio e contratei um
fotógrafo, mas nem se anime que você não tem dinheiro pra pagar essas coisas”.
Mais uma vez... fiquei orgulhoso.
Raul Alfredo Schier